*Davi Nunes Roballo
Sábado passado 19/11/2011, estive com outros comunicólogos no terreiro do Seo Paulino, 92 anos de existência, em plena lucidez e boa conversa. Devido a sua humildade, talvez não saiba, que algumas horas de prosa valeram muito para vida de este ser errante, que agora ao caro leitor escreve.
Paulino, uma simpatia de criatura, dessas companhias que de tão agradável consome rápido por demais as horas. Palestramos com Paulino por algumas horas, sobre tudo que preenche a vida: alegrias, fé, amores, tragédias, dores... A cada palavra, construtora de história que emanava de sua boca, o imaginava como um andejo a percorrer as vias da vida...
Caminhando pelas empoeiradas estradas da vida admiro Paulino, o velho, com sua bagagem inchada pelo que adquiriu em seu longo caminho revestido de júbilo e dissabores que, compreenderam seus majestosos dias. O contemplo em passo lento que, passa ao longe os passos afobados e atrapalhados daquele jovem ávido por vida que saiu do Rio em direção a Santos e que ficou para trás após ter se perdido em suas ilusões, hospedando-se na encruzilhada da recordação.
Em minha imaginação desenho o caminhar de Paulino, o velho com o mapa de que se fez destino, estampado em sua tez esculpida pelo tempo. Trás consigo o esboço e a marca de momentos contraditórios, retratados naquelas rugas desenhadas em sulcos profundos em sua face, os quais fizeram-se através das lágrimas que por ali correram em busca de liberdade de cor, de fé, de expressão. A preocupação com o vindouro provocou-lhe a erosão, que formou suas profundas olheiras, que circundam seu olhar em busca de uma estrela.
Em minha lembrança, agora aqui escrevendo, vejo em mansuetude a caminhar ao longe o velho, a levar dentro de si um jovem submisso à gravidade. Paulino, diz-se saudoso da jovialidade física, que escapou inevitavelmente por entre os dedos. Paulino, um velho matemático a fazer cálculos, de que com a jovialidade de outrora mais sua sabedoria de hoje seria um super-homem.
Muito a minha frente, distante no horizonte ainda vejo Paulino, o velho com sua voz mansa e mãos trêmulas, que para a juventude não traduz valor, muito menos reconhecem naquele velho, as experiências de quem muito lutou. Podemos contemplar pelas ruas a correr, Seo Paulino, o velho menino percorrendo o que lhe falta do destino...
*Jornalista
Especialista em Jornalismo Politico
Especialista em Comunicação e Marketing
Nenhum comentário:
Postar um comentário