Em 19 de novembro, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, os participantes do projeto de extensão Diálogos em Comunicação foram recebidos por Francisco José Paulino (Seo Paulino) no Terreiro de Umbanda Pai Benedito de Aruanda, localizado no Jardim Mato Grosso, em Dourados.
Estudantes de vários cursos e profissionais da imprensa tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da história e religião de Francisco José Paulino, 92 anos, neto de escravos, atleta e entidade do Terreiro Pai Benedito, reverenciado ao visitar outros terreiros da cidade, por causa da ancestralidade espiritual da qual é instrumento.
Paulino explicou o funcionamento do Terreiro, a hierarquia espiritual, os cantos e a necessidade de mudar os nomes dos orixás para os dos santos católicos, porque os donos de escravos proibiam suas manifestações religiosas.
Contou dos vários estados onde morou, da primeira vez que assinou o nome para receber o salário, de como fez tijolos de barro para erguer sua casa em Dourados, em 1974, dos vários tipos de telha que ganhou para fazer o telhado e que resultaram em goteiras por muitas chuvas, e da construção da tenda do Terreiro em 1977, por meio da contrapartida de uma pessoa contemplada depois de um trabalho da religião.
Pelas atividades espirituais e também assistenciais realizadas no local, como a distribuição mensal do sopão e a orientação das crianças da comunidade, o Terreiro foi declarado por lei como de “utilidade pública municipal”, na gestão do prefeito José Cerveira.
No entanto, pela falta de recursos financeiros e ajuda de outros membros para cuidar da tenda, situação agravada com a debilidade causada por problemas pulmonares na mulher de Seu Paulino, Dona Maria, que contribuía muito com as atividades, por enquanto o Terreiro não abre mais para sessões públicas, atendendo apenas casos particulares.
Também faltam recursos para colaborar com a vida de atleta de Paulino, corredor desde 1991, quando parou de fumar e começou a competir em várias provas, entre elas as Maratonas de São Silvestre. Exercício físico que colabora com a saúde de quem tem 92 anos e até um tempo atrás, antes das cirurgias de hérnia, ainda fazia capoeira.
DIÁLOGOS
Nas discussões sobre religião, preconceito, estética racial, ações afirmativas e representação do negro na mídia local, colaboraram os professores Mário Sá e Márcio Mucedula, do Núcleo de Estudo Afrobrasileiros da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados).
De acordo com levantamento mencionado pela coordenadora do projeto Diálogos em Comunicação, Karine Segatto, jornalista da Assessoria de Comunicação da UFGD, nos sites e jornais de Dourados consultados, a maioria das notícias sobre os negros não foram produzidas pelos repórteres dos próprios veículos, mas, por assessorias de imprensa de instituições educacionais, culturais e de órgãos públicos, e se referem a eventos, geralmente ocorridos nas datas da Abolição da Escravatura e da Consciência Negra.
Já no próximo sábado, 26 de novembro, o debate será sobre a representação da mulher na mídia local e será realizado a partir das 9h no Centro de Convivência do Idoso “Andrés Chamorro”, como parte do projeto Diálogos em Comunicação e em sintonia com a Campanha 16 Dias de Ativismo pelo enfrentamento da violência contra a mulher.
Mais informações
Fone: 3410 2721
E-mail: dialogosemcomunicacao@gmail.com
Mesa: Representações da mulher mídia de MS
26 de novembro, às 9h, Centro de Convivência do Idoso “Andres Chamorro” (Rua Cafelândia, nº 770, Jardim Água Boa – ao lado do Complexo Esportivo Jorjão)
Recepção: Karine Segatto, presidenta do Sinjorgran
- “Notícia sobre e para as mulheres”, Stella Zanchet, jornalista da UFGD;
- “Avaliação da conjuntura municipal de combate à violência”, Bárbara Nicodemos representante da Marcha das Mulheres.
Mesa: Representações do índio na mídia de MS
03 de dezembro, às 9h, Núcleo de Atividades Múltiplas (NAM) da Aldeia Jaguapiru
- “Questão indígena no Brasil: elementos para um jornalismo de precisão e investigativo”, jornalista e antropólogo Spensy Pimentel (USP).
Mesa: Representações da fronteira na mídia de MS
10 de dezembro, às 14h, Colônia Paraguaia (Avenida Indaiá, nº 630, bairro Altos Indaiá)
- “Geografia da Comunicação no Centro-Oeste”, doutorando em Comunicação Bruno Barreto;
- “EPP em pauta: estudo sobre noticiabilidade”, mestrando em Comunicação Helton Costa;
- “FRONTEIRAS: História, memória e representação de uma ambiência histórica”, Prof. Dr. Eudes Fernando Leite;
- “Os intelectuais no poder: História, Divisionismo e Identidade em Mato Grosso do Sul”, Me. Carlos Magno Mieres Amarilha.
EXTRA
Mesa sobre Comunicação Pública
02 de novembro, às 14h, Unidade 1 da UFGD
– Sobre experiência profissional na Radiobrás, Spensy Pimentel.

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